Artigos de Jornal
Requalificar o Centro Antigo
No mês passado, a Prefeitura anunciou um programa para revitalizar o Centro
Antigo de Salvador, que inclui bairros que vão da Sé à Lapinha e do Comercio ao
Tororó e Barris. O abandono da área se evidencia pelas inúmeras ruinas, a
demolição de 31 imóveis na Montanha, em 2015, e a falta de agua para inaugurar o
Palace Hotel. Desde a administração de Mario Kertész, esta é a primeira vez que
a Prefeitura manifesta interesse pela área, um dos principais atrativos da
cidade. Mas tenho dúvidas que apenas incentivos fiscais e a criação da Vila
Cultural da Barroquinha, que não se sabe bem o que é, possam recuperar uma área
tão extensa. Primeiro, pela situação legal das ruinas. Ninguém sabe a quem
pertencem, pois três gerações não fizeram inventários. Segundo, por imaginar que
a iniciativa privada vá se interessar por um novo “shopping a céu aberto”.
Não sou pessimista, apenas acho que o enfoque é equivocado. A recuperação
daquela área só é viável com um plano urbanístico envolvendo município, estado e
União, que contemple os aspectos físicos, ou de infraestrutura; sociais, com
ênfase na habitação; e econômicos, com incentivos aos serviços. Isto deve ser
programa de estado e não só de uma administração municipal. As 1.500 ruinas
podem se converter em 10.000 habitações do programa Minha Casa e Minha Vida. Ele
pode começar com o projeto da F. de Arquitetura/Conder para o Pilar, já pronto.
No artigo “O que o centro antigo precisa”, publicado neste jornal em 3/2/2013,
apontei as obras de infraestrutura necessárias: melhorar o acesso ao Centro
Histórico com passarelas ligando o Pelourinho ao Desterro e o Carmo à Saúde e
galerias e elevadores subterrâneos conectando a estação de metrô do Campo da
Pólvora à Baixa dos Sapateiros, ao Terreiro de Jesus e ao Comercio, instalação
de escadas rolantes ligando a Preguiça e a Contorno à Pr. Castro Alves e criação
de um centro cultural dinâmico no Pelourinho, aproveitando os cines Jandaia,
Excelsior e Pax, este com um estacionamento vizinho subutilizado. Finalmente,
dar uso cultural ao Solar do Saldanha e não apenas burocrático.
SSA: A Tarde, 1º/01/2017