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Se eu fosse candidato a prefeito I

  • 29 de Setembro de 2024

Eu não teria nenhuma chance de me eleger, mas desafiaria os colegas com um programa não convencional, inovador, de governo. Como os problemas de Salvador são graves e complexos, criaria um órgão de planejamento competente e participativo, sem medo de ser uma camisa de força, senão um auxiliar de trabalho. O último plano urbanístico de Salvador foi o Plandurb, de 1975/76, que definiu as ligações da BR-324 com a Paralela. Os PDDUs posteriores são apenas acordos entre a Prefeitura e o setor imobiliário. Onde existe um ou dois IPTUs ela licencia uma torre que multiplica os IPTUs por 40.

Não faria tantas obras para assegurar financiamento da minha reeleição, pois não serei nem eleito. Investiria em ações de humanização da cidade. Diversificaria a economia urbana dominada pela monocultura carnavalesca e turística, sazonal e concentradora. Daria mais atenção às atividades industrial, comercial e de serviços, incentivando manufaturas, as pequenas oficinas, o comércio de lojas e prestadores de serviços, como alfaiates e sapateiros que foram extintos de Salvador, ao invés de shoppings. Criaria mercados populares nos bairros tirando os camelôs das ruas.  

Criaria um banco de terras para escambo de terrenos e imóveis para implantação de escolas, bibliotecas e postos de saúde na periferia, para a criação de parques no Miolo da cidade e loteamentos populares para os construtores formiguinhas. Criaria praças verdes, ao invés de desafetá-las para a venda.

Inverteria a prioridade do carro sobre o pedestre e a lógica dos carros que quanto mais facilidades recebem, mais aumenta sua frota e os engarrafamentos. Substituiria passarelas por zebras e viadutos inúteis por rótulas articuladoras de vias radiais. Transformaria as 3ª faixas dos carros em calçadões para bares e restaurantes. Ao invés do BRT caduco, criaria uma rede capilar de vias expressas para ônibus articulados de piso baixo.

Vetaria a trajetória da ponte/ferryboat que irá entupir o Comércio, a Via Expressa, a Bonocô, a Paralela e a Estrada do Coco. Adotaria a alternativa da Academia de Engenharia da Bahia com a ponte chegando na enseada do Cabrito articulada diretamente com a BR-324 e a Via Metropolitana, sem obstruir Salvador.

Reestabeleceria o trem metropolitano de passageiros saindo da Calçada e indo até Feira de Santana e Alagoinhas. Usaria o VLT, ou bonde articulado, nas avenidas de vale, como alimentador e prolongador do metrô. Ao invés de um joão-de-barro construindo nas alturas, seria um prefeito-tatu cavando galerias para as redes de água, esgoto, energia, gás e telefonia, acabando com as cloacas de merda, os vazamentos, gatos e roubos de cabos. Reabriria os rios, como em toda cidade civilizada.

E os outros problemas da cidade: o Centro Antigo arruinado, as favelas, a segurança pública e a cultura? Amanhã, segunda feira, eu conto...


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