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Se eu fosse candidato a prefeito II

  • 30 de Setembro de 2024

Volto para dar continuidade ao programa proposto. O Centro Antigo arruinado seria recuperado com o programa Minha Casa Minha Vida para seus moradores e classe média baixa, que são os criadores da cultura popular baiana. Morar no C.H. dispensa o carro, e tem toda a infraestrutura e os serviços que faltam nos conjuntos desse tipo longe do centro da cidade.

O Comércio esvaziado de suas funções centrais, com a criação por ACM do Iguatemi e CAB, voltaria a ser um bairro misto de habitação e serviços com o retrofit de edifícios de escritórios vazios em habitacionais, criação de equipamentos sociais, e abertura para a baía, como nas zonas portuárias do Rio de Janeiro, Manaus e Recife e não bloqueado por estacionamentos envidraçados.

As favelas não são um problema. A lindíssima Costa Amalfitana na Itália foi originalmente uma favela. Elas precisam ser urbanizadas com redes de serviços públicos, bibliotecas digitais e facilidade de acesso, porque “A gente não quer só comida/ A gente quer comida, diversão e arte”, segundo Arnaldo Antunes. As favelas têm que ser transformadas em bairros integrados à cidade, livres das máfias.

Quanto ao meio ambiente, restauraria a arborização dos canteiros centrais e criaria praças e parques no Miolo seguindo o conceito de cidade esponja para acabar com os alagamentos, criaria um aterro no Subúrbio Ferroviário, como o do Flamengo, no Rio de Janeiro.

As ruas e as praças têm que voltar a ser espaços de sociabilidade, com a diminuição dos espaços de segregação. Os shoppings estão em crise em todo o mundo com as compras online. Para revitalizar as ruas, temos que ter uma segurança pública eficiente, baseada mais na inteligência que no fuzil e no caveirão. Se a articulação administrativa não se faz entre os três níveis de poder por picuinhas políticas, tem que se fazer nesse campo.

Como a segurança urbana não se resolve apenas com a repressão, cabe à prefeitura eliminar a segregação socioespacial das periferias sitiadas pelas máfias e requalificar a mão de obra, investindo em escolas recicladoras e bibliotecas digitais diuturnas para atrair a meninada cheiradora de cola, como faz NY.

A cultura é um campo muito importante para restaurar a autoestima soteropolitana, brecar a diáspora de talentos para o Sul Maravilha e incrementar o turismo não carnavalesco. Começaria com a criação de um Centro Mundial da Capoeira e do Samba de Roda, e um Centro Nacional de Cultura com música clássica, dança, teatro e cinema, como na época de Edgar.

Liberaria as praças para conjuntos musicais amadores, feiras artesanais e de frutas semanais, e poder caminhar tranquilo, num final de tarde, para encontrar conhecidos para jogar conversa fora. Como vocês veem, seria considerado um sonhador, um anti-prefeito arrecadador e obreiro e não conseguiria legenda para me candidatar.


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