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Em 14 de novembro passado os chineses inauguraram o maior porto da América do Sul, em Chancay, a 60 km ao norte de Lima e 17,8 m de calado, abreviando em 15 dias a ligação dos grandes navios da China com a costa oeste da América do Sul, antes feita através de grandes portos dos EUA.

Para vocês terem uma ideia, este novo porto hub ocupa uma área de 900 ha para estocagem de mercadorias, tem 6 km de cais e 15 embarcadores para navios de até 18.000 containers. Neste porto atracarão os grandes porta-contêineres e graneleiros articulados por cabotagem com porto menores do Chile, Equador e Colômbia. O que o Peru vai ganhar de empregos e taxas portuárias é incalculável.

Não temos nenhum porto hub semelhante na costa do Atlântico Sul. Mas poderemos ter um excelente na BTS, em Salinas da Margarida. Ligado por uma ferrovia ao porto peruano, grande sonho do Eng. Vasco Neto, ele passa a ter uma importância estratégica universal, porque permitiria trazer com um custo mais baixo a produção asiática e dos países andinos para os ricos mercados da costa leste americana e no outro sentido levar produtos brasileiros, americanos do leste para a China e a Índia. Salinas seria uma plataforma de distribuição e captação de mercadorias de portos menores do Brasil, Argentina, Guianas e Venezuela e ganha agora maior importância com o Acordo CCE-Mercosul.

Este sistema seria uma alternativa ao canal do Panamá. Com as mudanças climáticas, o lago artificial criado para viabilizar o canal está secando e seu funcionamento comprometido. Muitos navios estão sendo obrigados a se desviar para o Estreito de Magalhães com aumento de custo. Com a guerra comercial, os chineses temem que os EUA impeçam a passagem de seus barcos pelo Panamá, e estão pensando construir um novo canal interoceânico na Nicarágua e um corredor ferroviário no México para atingir o mercado do hemisfério norte.

As alternativas brasileiras seriam o porto de Santos congestionadíssimo e com calado de 14m, o problemático porto de Açu no Rio de Janeiro com a Serra do Mar atrás e o único viável, o porto de Tubarão, capixaba. Salinas leva a vantagem de estar praticamente na mesma latitude de Chancay, ser em águas abrigadas e com calado de 23 m. Originalmente esta ligação poderá ser feita pela FIOL e Ferrovia Centro Atlântica e num futuro próximo mais direta.

O porto de Salinas seria articulado com o de Salvador e outros menores por uma rodo-ferrovia reduzindo o acesso a Itaparica, pela contra costa, a 120 km, e acabando com a novela da ponte beneficiando a banda leste do Recôncavo onde estão as principais indústrias baianas e atrativos turísticos.

Ou pensamos grande, nos libertando dos interesses paroquiais locais, ou seremos passados para trás pelos capixabas que querem transformar Tubarão no terminal da ferrovia transcontinental idealizada pelo baiano por Vasco Neto.