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A Academia de Letras da Bahia renovada
A ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA RENOVADA
Paulo Ormindo de Azevedo
Na noite do último dia 11 tomou posse a nova diretoria da centenária Academia de Letras da Bahia, presidida pelo antropólogo, helenista, escritor e homem de santo Ordep Serra. Não se tratou de uma posse corriqueira da instituição. Não só devido à pandemia, como pelo programa de renovação que a nova diretoria quer imprimir à instituição. Posse inovadora pelo fato de ser feita virtualmente, com grande participação de autoridades e da sociedade baiana, que ouviram os belos discursos do então vice-presidente em exercício, Nelson Cerqueira, e do novo presidente Ordep Serra abrilhantados com o violão de Mário Ulloa e o canto de sua filha Beatriz e recitação de poemas de Miriam Fraga em homenagem às amantes de Castro Alves dramatizados pelo ator Jackson Costa.
A inovação não deverá se restringir à cerimônia de posse. A nova diretoria pretende se aproximar mais da sociedade, sair do casulo, estabelecendo laços de colaboração com outras instituições culturais, como as universidades públicas e privadas, secretarias culturais do estado e do município, academias de letras nacionais e do interior do estado, institutos culturais de nações amigas, associações civis, movimentos culturais e editoras locais. Peça fundamental para isto é a reativação do site da ALB, que com grande capilaridade deverá divulgar seus ciclos de seminários e conferências, oferecidos em podcast para maior comodidade do público. Outro ponto importante é a recuperação do Palacete Góes Calmon, sua sede, que deverá ser tombado pelo Estado.
Questão urgente é diversificar as fontes de financiamentos da instituição com maior participação em editais e busca de patrocínios de empresas privadas na realização de concursos literários, edições de livros de escritores novos e feiras de livros de autores baianos. Trabalho que a chapa começou a fazer, ainda durante a campanha, com a assessoria dos melhores especialistas em gestão e marketing cultural e que deve continuar durante todo o mandato.
A deficiência financeira da ALB é antiga, mas se agravou durante a última gestão com a não renovação do convênio com a Assembleia Legislativa e a suspensão dos repasses da SECULT devido a irregularidades na gestão e prestação de contas. Para complicar, a ALB foi envolvida na construção de um café particular que seria devolvido à ALB depois de alguns anos de exploração, mas com contrato até agora não formalizado. Crise tão complicada que culminou com a renúncia do antigo presidente.
Os desafios são muito grandes, mas a nova diretoria tem a certeza que com trabalho, engenho e a colaboração de toda sociedade baiana irá enfrentá-los para restituir a grandeza da mais antiga academia de letras do país, que tem suas raízes na Academia dos Esquecidos fundada em 1724.