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O lento despertar da Bahia

  • 21 de Julho de 2024

O lento despertar da Bahia

Paulo Ormindo de Azevedo

 

Duas matérias me deram algum alento nos últimos 15 dias: “Ponte: consórcio e governo divergem” (A Tarde,05/07) e “Estado intensifica diálogo com setor produtivo sobre logística" (A Tarde, 16/07). Na primeira, lê-se: “Em junho o petista (Jerônimo Rodrigues) declarou estar ‘inquieto’ diante do ritmo lento das conversas com o consórcio e deixou no ar a possibilidade de relicitar a ponte Salvador Itaparica”. Em quatro anos, o orçamento de 7 bi. subiu para 13 bi. e irá subir mais com o resultado da sondagem.

 

Trata-se de um projeto rodoviário sem imaginação, de 1972, que macaqueia o ferry boat, saindo de São Joaquim, acabando parcialmente com a feira, para Bom Despacho. Esta ponte, se realizada, iria travar as Avs. Bonocô e Paralela e as Estradas do Coco e Linha Verde e transformar Vera Cruz e Itaparica num favelão como São Cristóvão, vizinho a Niterói, um pit-stop de jamantas e bitrens que não podem entrar na cidade por seus tamanhos.

 

A Academia de Engenharia da Bahia concluiu que a Via Expressa não tem capacidade de absorver o fluxo da ponte, que vai extravasar para a rede urbana. Seus estudos mostraram que se ela chegasse na Enseada do Cabrito o fluxo de veículos poderia se articular diretamente com a BR-324 e Via Metropolitana, sem impactar Salvador.

 

Não seria o caso de relicitar “esta ponte” ultrapassada, senão de discutir uma ligação menos impactante para Salvador e a ilha e que não inviabilize o estaleiro de São Roque e o hub-porto de Salinas da Margarida com calado de 22 m. Superpetroteiros não conseguem chegar ao Temadre pelo seu calado de 13 m. Recentemente um navio da BYD, que trouxe 5.500 carros teve que descarregar em Suape, Pe, porque os portos de Aratu e Salvador não tem calado. Este comentário remete para a segunda matéria: “Entre os projetos discutidos na reunião (SEPLAN-FIEB) o destaque vai para as ferrovias Oeste-Leste (Fiol) e Centro Atlântica (FCA) bem como a integração dessas com os portos e a malha ferroviária nacional”.

 

Vale lembrar que um dos assuntos que Lula deve ter conversado na Bolívia foi a ferrovia transcontinental que deve chegar à fronteira do Chile com o Peru e integrar as ferrovias desses dois países, à da Bolívia, Paraguai e Brasil saindo pela BTS. O Porto de Santos congestionado não tem condição de ser o terminal brasileiro, nem o off-shore de Açu no Rio de Janeiro, parado, que tem a Serra do Mar nas costas.

 

Esta é a grande oportunidade da Bahia, com um porto em águas abrigadas com 22 m de calado. Não faltarão parceiros internacionais e nacionais interessados neste grande projeto. Itaparica seria acessada pela contra costa, dinamizando o Recôncavo Tradicional, por uma rodo-ferrovia veloz de 120 km. Espero que não falte coragem ao Governador Jerônimo Rodrigues de tomar esta decisão e inaugurar um novo tempo na Bahia.

 

SSA: A Tarde de 21/07/1924


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