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A destruição estupida e invalida da Ucrânia

  • 20 de Março de 2022

A Guerra Fria nunca acabou. Em artigo de 5/6/2016 eu já previa que o próximo conflito seria na Ucrânia. Apesar do fim da União Soviética, em 1991, os EUA continuaram sitiando a Rússia com seu arsenal nuclear, através da OTAN. Estamos entrando numa Guerra Morna (nuclear). O que está em jogo agora é a disputa econômica e militar entre os EUA e a China. A estratégia dos Republicanos tendo à frente Trump, com seu namoro com Putin e Kim Jong-um, da Coreia do Norte, de cooptação dessas duas potências nucleares e isolamento da China, era muito mais inteligente que a de Biden. 

Com suas sanções econômicas, EUA e União Europeia, UE, estão dando de bandeja a Rússia à China e seus 35 aliados orientais e africanos que se abstiveram de votar a condenação da Rússia na Assembleia Geral da ONU. Foram sanções semelhantes impostas à Alemanha que provocaram a II Guerra e poderão provocar a III Guerra. Mas o suicídio atômico não interessa às grandes potencias, senão a Guerra Morna, que restaurará o protagonismo dos EUA no Ocidente e da Rússia /China no Extremo Oriente com uma lucrativa corrida armamentista.  

A Ucrânia nem sendo destruída, sem dó nem piedade, pelos russos e pela omissão dos EUA e da UE, que temem cutucar a fera com vara curta, mas cobram da Ucrânia sua imolação perante um exército dez vezes mais poderoso, para se protegerem. A Ucrânia é hoje a bucha de canhão dos dois lados. 

Nesse cenário é lamentável a submissão da UE aos EUA. Macron e Scholz haviam costurado um acordo entre a Rússia e a Ucrânia, com o aval da UE, de não alinhamento desta última à OTAN, que teria evitado a guerra, mas Biden vetou. Depois de milhares de mortes desnecessárias, os dois países estão voltando ao mesmo acordo. 

O objetivo oculto dos EUA é restabelecer o monopólio do dólar nas transações internacionais. Desde 1944, com o acordo de Bretton Wood e a criação do FMI e do B. Mundial, até o lançamento do euro, em 2002, o tesouro americano capitalizou sozinho o aumento exponencial do comércio internacional. A saída da Inglaterra da UE já foi um sinal. O restabelecimento desse privilégio é fundamental para tentar restaurar o Império Ianque.  

Tarefa difícil diante da desindustrialização ocidental e dependência de insumos industriais da China e energéticos e agrícolas da Rússia provocadas pelo neoliberalismo, que apostou todas as suas fichas na TI e na especulação financeira. O corte do comércio com a Rússia vai provocar uma imensa inflação ocidental. A China tem outra arma poderosa, o derramamento da sua gigantesca cornucópia de moedas fortes no mercado acelerando o desgaste do dólar.   

É particularmente dramática a situação das Américas Central e do Sul, quintais dos EUA, condenadas à condição neocolonial de produtores de commodities para as grandes potências, sem voz nessa disputa de gigantes. 

 


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