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As invenções geniais do século XIX

  • 05 de Novembro de 2017

Numa discussão sobre ensino de arquitetura na UFRJ, um estudante disse que não concordava com Lucio Costa porque ele era um arquiteto do século XIX. O mestre agradeceu e disse que no século XIX ele estava em boa companhia. Senão vejamos. Em 1804, Richard Trevithck, faz correr a 8 km/h um trem a vapor com cinco vagões carregando 70 passageiros e 18 toneladas de carga. As marias-fumaças, queimando lenha e depois carvão de pedra, funcionaram em muitos países até a década de 1960, apesar de em 1879 o alemão Siemens ter criado a locomotiva elétrica, com uma eficiência energética de 85%, porque elas exigiam a eletrificação das linhas. Sem fumaça elas permitiram instalar os primeiros metrôs urbanos. Hoje na Europa os TGVs, aperfeiçoados pelos franceses em 1980, correm a 350 km/h. E os orientais estão instalando os primeiros trens de levitação magnética, os Maglev, capazes de atingirem velocidades ainda maiores.

A lâmpada elétrica é outra dessas invenções. A primeira a funcionar foi a de filamento de carvão de Thomas Edson, de 1879. Depois, o carvão foi substituído pelo tungstênio. Lâmpadas florescentes, mais econômicas, inventadas por Tesla em 1938, iriam competir com as de filamento. Mas a grande revolução teria origem em 1961, com a descoberta do Led, por Biard e Pittman. Lâmpadas de Led chegariam ao mercado em 1989 e entre nós só recentemente.

O telefone, inventado por Bell e Watson, em 1875, teve uma evolução notável. As primeiras ligações sem fio ocorrem 18 anos depois. Ainda alcancei no interior da Bahia os telefones com manivela que levavam horas para completar uma ligação. A substituição telefonistas com dezenas de “bananas” nas mãos por seletores automáticos permitiu evitar milhares viagens urbanas e interurbanas. Em 1978, os japoneses fizeram o primeiro telefone móvel. Hoje o celular substitui a lanterna, a Kodak, a filmadora e o computador.

Mas a história tem suas roturas. Também do XIX é o automóvel. O primeiro a gasolina data de 1885, do alemão Karl Benz. Sua evolução foi pequena. Os primeiros eram carruagens em que os cavalos foram substituídos por um motor, cuja potência ainda é medida em horse power. Sua produção em massa com o Ford T, gerou uma urbanização esgarçada nos EUA, que destruiu lavouras, e engarrafou nossas cidades. Seus avanços mecânicos, como o motor V-8, a tração dianteira e a caixa de marcha automática, são do final da década de 1930. Mas ainda hoje seu motor transforma 75% da energia da gasolina em calor e seus escapes são dos maiores poluidores da atmosférica. O carro elétrico só surgiu 100 anos depois do trem e é híbrido, compartilhado com o motor a gasolina. Sua primeira grande revolução são os carros inteligentes, que vão aposentar o chauffer, ou foguista. Pobre de quem acredita que o Tesla vai descongestionar as nossas cidades.

SSA: A Tarde de 5/11/17


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