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Uma medalha do IAB-BR

  • 20 de Outubro de 2019

Durante a realização do 21º Congresso dos Arquitetos Brasileiros, realizado em Porto Alegre, entre 10 e 12 passado, meus colegas resolveram homenagear dois de seus associados com medalhas, por acaso um baiano e um cearense. Naquela oportunidade li o seguinte agradecimento:

É com grande emoção e modéstia que recebo em companhia do eminente colega e artista plástico Campelo Costa esta importante medalha do Instituto de Arquitetos do Brasil. Não que eu tenha uma obra arquitetônica excepcional, como muitos dos aqui presentes, senão porque nesses 60 anos de trabalho trilhei todas as veredas da profissão. Formei-me na UFBA, doutorei-me em La Sapienza, em Roma, projetei para o futuro, construí no presente e restaurei monumentos do passado, ensinando o que aprendi.

Fui com muito orgulho conselheiro do IPHAN, do CREA-BA, dos CAU-BR e Ba, presidi o IAB-Ba em dois mandatos e sou membro da Academia de Letras da Bahia. Fiz missões para a UNESCO em toda a América Latina e na África Lusofone e o mais completo inventário do patrimônio construído de um estado do país, o que me valeu o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do IPHAN. Escrevi livros, ensaios, crônicos e contos sobre arquitetura, que é também poesia.

Nada disso valeria, se eu tivesse me submetido à especulação imobiliária, que destrói as nossas cidades (palmas). Aposentado compulsoriamente da UFBA, continuo lutando contra o mau urbanismo que se faz em nossas cidades através de uma coluna quinzenal no jornal A Tarde e no Facebook. Não entreguei os pontos, nem perdi a esperança, continua lutando e cantando. Não quero ser objeto de dissertações antes do tempo, continuo sujeito e crítico.

Devo tudo que realizei aos mestres, colegas, alunos, e operários que tive, nas escola, nos escritórios, na UNESCO, em repartições públicas e em especial nos canteiros de obras. Se pudesse transmitir um conselho aos mais novos, diria que nunca corri, como um miura míope, atrás de uma verônica vermelha e vibrante, mas aproveitei todas as oportunidades que se abriram em minha frente seguindo o conselho de António Machado: ”Nunca persegui la glória, ni dejar en la memória de los hombres mi canción... Caminante no hay camino, se hace camino al andar...Golpe a golpe, verso a verso”... Diria eu, golpe a golpe, traço a traço, tijolo a tijolo.

Minha emoção é ainda maior ao receber esta medalha das mãos do meu melhor e mais rebelde aluno, Nivaldo Andrade Jr., hoje presidente desse grêmio, que é o mais independente dos arquitetos e urbanistas brasileiros e que tem como principal missão orientar e vigiar o exercício profissional e instancias institucionais visando a melhoria da qualidade de vida urbana do povo desse imenso, amado e sofrido Brasil. Muito Obrigado!

SSA: 20/10/19


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