Artigos de Jornal
Uma medalha do IAB-BR
Durante a realização do 21º Congresso dos Arquitetos Brasileiros, realizado
em Porto Alegre, entre 10 e 12 passado, meus colegas resolveram homenagear dois
de seus associados com medalhas, por acaso um baiano e um cearense. Naquela
oportunidade li o seguinte agradecimento:
É com grande emoção e modéstia que recebo em companhia do eminente colega e
artista plástico Campelo Costa esta importante medalha do Instituto de
Arquitetos do Brasil. Não que eu tenha uma obra arquitetônica excepcional, como
muitos dos aqui presentes, senão porque nesses 60 anos de trabalho trilhei todas
as veredas da profissão. Formei-me na UFBA, doutorei-me em La Sapienza, em Roma,
projetei para o futuro, construí no presente e restaurei monumentos do passado,
ensinando o que aprendi.
Fui com muito orgulho conselheiro do IPHAN, do CREA-BA, dos CAU-BR e Ba, presidi
o IAB-Ba em dois mandatos e sou membro da Academia de Letras da Bahia. Fiz
missões para a UNESCO em toda a América Latina e na África Lusofone e o mais
completo inventário do patrimônio construído de um estado do país, o que me
valeu o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do IPHAN. Escrevi livros,
ensaios, crônicos e contos sobre arquitetura, que é também poesia.
Nada disso valeria, se eu tivesse me submetido à especulação imobiliária, que
destrói as nossas cidades (palmas). Aposentado compulsoriamente da UFBA,
continuo lutando contra o mau urbanismo que se faz em nossas cidades através de
uma coluna quinzenal no jornal A Tarde e no Facebook. Não entreguei os pontos,
nem perdi a esperança, continua lutando e cantando. Não quero ser objeto de
dissertações antes do tempo, continuo sujeito e crítico.
Devo tudo que realizei aos mestres, colegas, alunos, e operários que tive, nas
escola, nos escritórios, na UNESCO, em repartições públicas e em especial nos
canteiros de obras. Se pudesse transmitir um conselho aos mais novos, diria que
nunca corri, como um miura míope, atrás de uma verônica vermelha e vibrante, mas
aproveitei todas as oportunidades que se abriram em minha frente seguindo o
conselho de António Machado: ”Nunca persegui la glória, ni dejar en la memória
de los hombres mi canción... Caminante no hay camino, se hace camino al
andar...Golpe a golpe, verso a verso”... Diria eu, golpe a golpe, traço a traço,
tijolo a tijolo.
Minha emoção é ainda maior ao receber esta medalha das mãos do meu melhor e mais
rebelde aluno, Nivaldo Andrade Jr., hoje presidente desse grêmio, que é o mais
independente dos arquitetos e urbanistas brasileiros e que tem como principal
missão orientar e vigiar o exercício profissional e instancias institucionais
visando a melhoria da qualidade de vida urbana do povo desse imenso, amado e
sofrido Brasil. Muito Obrigado!
SSA: 20/10/19