Artigos de Jornal
Revendo três megacidades
Entre 17/11 e 1º/12 revisitei três grandes metrópoles da América do Norte. A
primeira foi a Cidade do México, onde expus no Seminário da Red Patrimonio
Histórico/Cultural Iberoamericana. O DNA dos astecas dominou o dos
conquistadores e nas vitrines os mortos comemoram. A cidade tem hoje 21,6
milhões de habitantes, Quando estive pela primeira vez na cidade, na década de
70, o tráfego era infernal e os carros só podiam trafegar em dias alternados, o
que resultou na quase duplicação da frota. Dessa época são ilusórias vias
expressas periféricas. Hoje a cidade tem 226,5 km de metrô subterrâneo, apesar
de um subsolo de lama e ruínas arqueológicas. A passagem custa R$1,10 e os trens
andam lotados. A cidade possui ainda 120 km de ciclovias, algumas com quatro
faixas, e parques e praças bem cuidados Isto é resultado de planejamento e
políticas urbanas de estado.
Estando no México, fui visitar um irmão nos EUA. Tinha estado em Nova York há 12
anos. A região metropolitana tem 18,9 milhões de habitantes e uma rede de
subways de 369 kms. Sua paisagem urbana mudou pouco. O novo World Trade Center
não se destaca como as antigas torres gêmeas na floresta de aço e vidro. As
novidades são o Hudson Yards, o maior investimento imobiliário desde a década de
1930 construído sobre um pátio ferroviário de 5,6 ha, com shoppings,
escritórios, apartamentos e um monumento, o Hudson Vessel, uma escadaria
helicoidal de 2.500 degraus e 45 m de altura, que não leva a nada, e a conversão
em passarela ajardinada de uma ferrovia desativada. Completa as novidades a
espalhafatosa estação de subway junto ao WTC, do espanhol Calatrava, que custou
US$ 1,0 bi e justos protestos. Os grandes atrativos de Nova York continuam sendo
o Central Park, o Rockfeller Center e a esquina esconsa do Times Square.
Manhattan não tem viadutos, nem BRT, senão uma rede de ônibus articulados em
faixa exclusiva com assoalho ao nível dos passeios.
A última visita foi a Washington, cidade com 5,5 milhões de habitantes e um
metrô moderno, de 1976, com 171 km, articulado com o sistema Metrobus semelhante
ao de NY. Washington tem muito verde e ainda curti um resto de outono com
arvores e passeios coloridos. Revisitei o belo Vietinam Veterans Memorial para
sentir no muro enlutado o clamor silencioso, mas gravado na pedra, de 60 mil
vidas ceifadas na desastrada guerra do Vietnã. Mas tive a satisfação de apreciar
no novo Museu Nacional da Historia e Cultura Afro Americana a imensa
contribuição dos negros à nação americana, nas artes, nas ciências e na
política. Ao contrario de NY, a cidade, dominada paisagisticamente pelo obelisco
em homenagem a Washington (170 m), controla o gabarito dos edifícios privados.
Em Georgetown, a vila que existia antes da instalação em 1800 do Distrito
Columbia, se preservam belos sobradinhos, melhor que entre nós.
SSA: A Tarde, 15/12/2019