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Entendendo o “game” do petróleo

  • 14 de Junho de 2020

Alguém já disse que a Idade da Pedra não acabou porque faltou pedra. Ela continua sendo usada em pisos, no concreto e o calcário no cimento, cal e na agricultura. O carvão de pedra não desapareceu com o petróleo, continua sendo indispensável na siderurgia. Na China, ele fornece 60% da energia. Embora alguns “inocentes” digam que o petróleo não valerá nada dentro de 20 anos, ele continuará sendo o insumo básico da produção de químicos, plásticos, lubrificantes, asfalto e fertilizantes agrícolas. Além do mais, o gás do petróleo é a fonte mais barata do futuro combustível, o hidrogênio. Sua importância pode ser aferida pelo fato de todos os conflitos armados atuais, que matam milhões de pessoas, são em áreas de reservas de petróleo: Afeganistão, Iêmen, Iraque e Síria.

A baixa atual do petróleo se deve à diminuição da atividade econômica com a pandemia e a guerra movida por dois grandes produtores, Arábia Saudita e Rússia, contra o novo líder mundial, os EUA. O petróleo americano custa US$40.00 por barril para ser produzido e só é lucrativo com seu preço por volta de US$60.00. O petróleo saudita custa cerca de US$12,00 para ser produzido e A Rússia, grande produtora de gás e a principal fonte de calefação da Europa, tem custo de produção muito baixo. Para eles a produção de petróleo é viável mesmo na casa dos US$30.00. Passada a pandemia e neutralizada a concorrência dos americanos subsidiada por Trump, o barril deverá se estabilizar um pouco abaixo dos US$60,00.

Com o preço baixo do barril, a Petrobrás e o Brasil perdem muito nas suas exportações de cru e em investimentos estrangeiros nas bacias do nosso pré-sal. Companhias como a Exxon e a Shell, que dominam toda a cadeia de produção, do poço até à bomba de gasolina, compensam suas perdas na extração com os ganhos no refino, porque o preço da gasolina não cai na mesma proporção nas bombas. Apesar do barril de petróleo ter baixado de US$65.00 para US$22.00, o consumidor brasileiro só viu o preço da gasolina baixar alguns centavos.

A Petrobrás perdeu essa condição privilegiada com a venda da distribuidora BR e redução da produção de nossas refinarias pela atual diretoria da Petrobrás. Estamos exportando o cru sem valor agregado e importando mais derivados com preços cartelizados, à mercê de sua cotação e do dólar nas bolsas. É o plano de fatiar a empresa para inviabilizá-la, desvalorizá-la e facilitar sua venda para à China, nosso principal importador de cru, ou para as Sete Irmãs, como quer Paulo Guedes. Se ela foi saqueada, deve ser saneada e não vendida. Já são os americanos que mandam na empresa. Prova? Para criar uma vacina contra a Convid-19, a Petrobrás disponibilizou 60% da capacidade dos seus supercomputadores para a Universidade de Stanford e nada para as nossas, Fiocruz e Butantan.

SSA: A Tarde, 14/06/2020


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