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7 de Setembro, a Independência de Portugal do Brasil

  • 04 de Setembro de 2022

“Quem foi que inventou o Brasil?/ Foi seu Cabral!/ Foi seu Cabral!/ No dia 21 de abril/ Dois meses depois do carnaval” cantava Lamartine Babo. O 7 de Setembro, como a descoberta do Brasil, foi uma lorota. Quando Dom João VI fugiu para o Rio de Janeiro, em 1808, Portugal virou colônia do Brasil. Manter a burocracia e o exercito de um país de extensão continental como o Brasil era um enorme ônus para Portugal, que havia perdido o quinto, o monopólio do comercio exterior brasileiro com a abertura dos portos e o lucrativo tráfico de escravos promovidos pelos ingleses para beneficiar suas exportações de manufaturados. Portugal entrou em profunda crise.

Libertar-se do Brasil era essencial para a sobrevivência de Portugal. Quem primeiro me chamou a atenção para este fato foi meu amigo Helder Carita, historiador de arte português. Dom João VI, que não era tonto, antes de voltar para Portugal, em 1821, onde seu trono praticamente desabara com a Revolução Liberal do Porto, instruiu seu filho, Pedro, a fazer a separação dos dois países e salvar a monarquia e a família real no Brasil. Um ano depois, Dom Pedro I promoveu histrionicamente o Grito da Independência ou Morte, sem dar um só tiro de zarabatana. Onde se viu um colonizador promover a independência de sua colônia? Só no país do carnaval.

Mas os pseudo liberais, para pirraçar os monarcas, mandaram reforços para o Gal. Madeira na Bahia para tentar manter a antiga colônia. A independência formal do Brasil só se daria em 2 de julho de 1823 com uma sangrenta luta popular inspirada em ideais democráticos da Constituição Americana (1787), da Revolução Francesa (1792) e dos regimes republicanos nos países vizinhos, recém libertados. A Independência oficial do Brasil foi uma decepção, pois não trouxe nenhum ganho para o povo, escravos e índios, que lutaram bravamente na esperança de democratização, soltura e inclusão.

O Império representou um atraso de 66 anos no desenvolvimento do Brasil, sem nenhum avanço nas relações de trabalho e educação. Fomos o último país a libertar os escravos e a criar um mercado interno. Só fomos ter universidade em 1920, com a criação da atual UFRJ, enquanto que no México e Peru elas foram criadas em 1549.

A Proclamação da República, em 1889, foi um golpe militar apoiado pelos senhores de engenho e barões do café em represália à libertação dos escravos sem indenização. Carregamos ainda hoje o carma da escravatura e do analfabetismo funcional e voltamos a uma economia baseada na exportação de minérios e produção agrícola, como na colônia. Trocamos a exportação de ouro e diamantes pela de minério de ferro, uma commodity barata, e do açúcar e do fumo, valorizadíssimo na época, pela soja e o milho sem valor agregado. Não basta ser “independente e republicano” é preciso parecer, como a mulher do César.


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