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Um futuro próximo surpreendente

  • 14 de Maio de 2023

Nunca fui um aficionado da ficção científica e de outras manifestações de futurologia, mas tenho que reconhecer que muitas de suas profecias se tornaram realidade. Em 1946, um jornalista perguntou a Einstein qual seria a próxima arma de guerra depois da bomba atômica e ele respondeu o arco e a flecha, sinalizando o retorno à barbárie.

O historiador Inglês Toynbee previu que depois da Modernidade, com sua ênfase na razão e na ética, teríamos um novo período de obscurantismo. É o que estamos vendo com o avanço do esoterismo e do neofascismo. A vigilância global prevista por George Orwell no livro 1984 foi assumida pelos estados ditos democráticos à pretexto de combater o terrorismo e pela avidez da indústria do consumo. O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley se transformou no Admirável gado novo, como canta Zé Ramalho: povo marcado é povo feliz!

O cinema tem sido outra fonte de profecias distópicas. Vivemos Fahenheit 452 durante o golpe de 1964 com queima de livros e a censura.  Androides chamados de replicantes, criados pela bioengenharia, são banidos da Terra, mas voltam e são aposentados (mortos) em Blade Runner – o caçador de andróides, num futuro que não parece estar muito distante com as pesquisas sobre o genoma humano e as conquistas espaciais privadas.

Mas o filme mais profético e atual é de Stanley Kubrick em parceria com o ficcionista científico Arthur Clark, 2001- uma odisseia no espaço, que mostra a evolução da humanidade das cavernas até à conquista do espaço e criação da inteligência artificial. Produzido há 55 anos, ele é de uma atualidade desconcertante. Numa viagem da nave Discovery One da Base Clavius na Lua a Júpiter, o computador Hall apresenta um erro por “falha humana” na sua construção e resolve assumir o controle da nave cortando o suprimento de oxigênio de todos os membros da tripulação.

A inteligência artificial pode ter algumas aplicações interessantes, mas sem controle da sociedade pode ser um tiro pela culatra na chamada civilização. Vai ficar difícil distinguir o que é ficção e realidade, o que é autoral e adulteração e possivelmente teremos um pensamento único sacralizado pela infalibilidade da máquina. Haverá sempre um pensamento crítico nas universidades, mas sem poder político e decisório.

Politicamente a inteligência artificial pode ser uma ferramenta de lavagem cerebral das massas por algumas poucas empresas privadas. A questão é tão grave que os próprios donos dessas plataformas estão pedindo uma moratória de seis meses para a normatização da inteligência artificial. Que instituição internacional pode normatizar e fiscalizar o uso desse aplicativo e do espaço cósmico por empresas privadas? A desmoralizada ONU? Melhor que Não olhem para cima, nem confiem no computador.

 


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