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Para além do concreto e do vidro

  • 10 de Janeiro de 2012

Os arquitetos brasileiros começam o ano com um novo conselho profissional, o CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Este novo órgão uniprofissional tem a missão de resgatar uma profissão que foi das mais penalizadas pelo regime militar e mantida na marginalidade pelos governos que o sucederam. Desde a Colônia com o Barroco, passando pelo Império com o Neoclássico, pela Primeira Republica com o Ecletismo e a Era Vargas/Juscelino com o Modernismo, o estado brasileiro sempre teve uma identidade arquitetônica e cultural.

Lidando com a utopia de construção de uma cidade mais justa, racional e bela e tendo como principais protagonistas no século XX arquitetos como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Lelê, homens de profundo compromisso social e militância esquerdista, a arquitetura não podia ser bem vista pelos militares. A Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília foi fechada e os cursos de arquitetura de todo o Brasil expurgados com professores e alunos presos e cassados. Mesmo profissionais de projeção
mundial tiveram que se exilar, como Oscar Niemeyer.

Com a redemocratização, expansão do setor imobiliário e o neoliberalismo, o Estado Brasileiro abdica de exercer qualquer controle sobre as nossas cidades e de ter qualquer identidade cultural. As obras publicas passam a ser ditadas pelas grandes construtoras e licitadas pelo menor preço e conseqüentemente pior qualidade arquitetônica e construtiva.

Submetidos a um conselho pluriprofissional, que reunia quase um milhão de profissionais de nível superior e médio e trezentas categorias profissionais tecnológicas as mais diversas, sistema Crea-Cnfea, os arquitetos como outros profissionais não tinham como debater suas questões especificas e as políticas publicas que afetam a sociedade no nosso campo de atuação.

SSA: A Tarde, 10/01/2012


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