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Politica Cultural para a Cidade do Salvador

  • 31 de Julho de 2012

Convocada pelo Presidente da Academia de Letras da Bahia, acadêmico Aramis Ribeiro Costa, realizou-se, no ultimo dia 26, uma noite de gala no Palazzo Goes Calmon, como não se via, há muito, nesta provinciana cidade. O evento, que reuniu 250 artistas e produtores culturais, destinava-se a cobrar do futuro prefeito uma posição sobre a cultura. Como convidados de honra, naturalmente, os seis prefeituráveis. A noitada transcorreu mais em clima de sarau, como convinha, que de disputa eleitoral.

Na programação, ao invés do habitual réquiem pela cultura, foi oferecido aos convidados um diagnóstico e propostas concretas elaboradas por quinze grupos de trabalho em ritmo allegro ma non troppo. No palco ou pódio os atores com seus trajes à rigor com exceção do representante da Frente Capital da Resistencia, de mangas arregaçadas para a contenda. Após a abertura da função pelo Presidente, o acadêmico Luís Antonio Cajazeira Ramos, autor da ideia e verdadeiro regente da orquestra, anunciou que não haveria debate e que a sessão seria dividida em duas suítes sem intervalo, quando seriam lidas as reivindicações do grupo. A primeira teria como inspiração “Estrutura e Funcionamento da Área da Cultura na Administração Municipal” e a segunda “Memória, Patrimônio e Contemporaneidade”. Ao final de cada suíte seria perguntado aos candidatos o que eles pensavam sobre aquela pauta.

Em coro, todos condenaram o estado calamitoso da cidade e prometeram seguir o libretto da Academia . O primeiro sorteado, Mario Kertész, exibiu como cacife o fato de ter sido prefeito duas vezes, ter criado a Fundação Gregório de Mattos e implementado programas como Boca de Brasa. Concordou com todas as reivindicações do grupo liderado pela ALB, ou seja, criação de Secretaria, Fundo, Conselho e Plano Estratégico da Cultura. Così fan tutti, ossia, la scuola degli amanti della città. O que foi um compromisso universal e alvissareiro.

Mario prometeu ainda elevar a verba da cultura de 0,2% para 4,0% do orçamento municipal, sem explicar se este percentual viria da educação ou da saúde. ACM Neto exibindo como trunfo o investimento do avô no Pelourinho, hoje abandonado, foi mais cauteloso falando em um compasso andante para a cultura e não presto. Prometeu reconstruir a autoestima dos soteropolitanos e não insistiu no “urbanismo demolidor” anunciado anteriormente para criar vagas para carros no centro. Ao contrario de seu antecessor, Pelegrino, que havia prometido restaurar incríveis 41.000 edifícios no centro, exibiu como cacife sua amizade com o rei e a rainha e a possibilidade de trazer bilhões para a cidade. Prometeu construir um Teatro Municipal, igualando Salvador a Paris e Nova York com duas operas e transformar o Cine Excelsior em Centro Cultural da Caixa.

De um modo geral, os três favoritos da loteria eleitoral se ativeram ao programa mínimo da Academia, perdendo a oportunidade de discorrer como valorizar a cultura e a beleza natural de Salvador e RMS, o peso de uma economia criativa e os grandes eventos na recuperação da cidade e a importância de uma vereança renovada.

Curiosamente, as vozes mais afinadas vieram de candidatos de pequenos partidos, a começar por Hamilton Assis, o “desgravatado”, que fez uma interpretação mais conceitual e menos operativa da partitura. Seu solo, sem acompanhamento de fanfarras, foi varias vezes interrompido por aplausos. Não menos criativo foi o canto de Da Luz que prometeu criar um centro mundial da capoeira em Salvador e lutar pela introdução do esporte nas futuras Olímpiadas, criar bibliotecas e centros digitais que não sejam meras lan houses populares, para Salvador interagir com a cultura de todo o mundo. O bispo Marinho defendeu o tombamento municipal, o ensino da historia de Salvador e o incentivo à leitura.

Gand finale com a confraternização dos contendores e público e coro unânime de que a Academia de Letras da Bahia foi a grande vencedora da noite, passando a ter um papel importante não só nas letras, como na politica Cultural do Estado. Parabéns Poeta Cajazeira. Este é o resumo da ópera.

SSA: A Tarde, 31/07/12


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