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No rescaldo das eleições municipais

  • 09 de Outubro de 2016

As eleições municipais no país foram as mais violentas que se tem notícia. Os assassinatos, as queimas de ônibus, o comprometimento de candidatos com a corrupção e o crime e o fato de que muitos municípios só ter um candidato a prefeito demonstram a profunda crise de representação. As eleições na Bahia foram polarizadas pela de Salvador. Não se viu empenho do governador às candidaturas do interior e perdeu em grandes cidades. O que se viu foi uma meia volta à direita, não só na Bahia, como no país.

O prefeito ACM Neto teve uma vitória retumbante (74%) devido, segundo seus próprios aliados, ao trabalho de reparação de Salvador depois da esburacada administração de João Henrique. Vamos convir que ele não fez nenhuma grande obra, se comparado com seu avô, que fez as avenidas de vale, a Paralela e o CAB. Os problemas da nossa cidade e de sua siamesa RMS são muito graves e não foram discutidos nessas eleições.

As campanhas e o show da Globo foram mornos e não revelaram nenhuma renovação política nem novidade para o futuro da cidade desigual em que vivemos. Os polémicos PDDU e Louos não foram discutidos. A mobilidade e o arruinado centro histórico, um dos esteios do turismo, passaram ao largo. Idem as questões metropolitanas: a ponte Salvador/Itaparica, que terá um enorme impacto na cidade e na ilha, e o trem Salvador/Lauro de Freitas que destruiu um parque de 13 quilômetros e criará um muro entre o Miolo pobre e a Orla rica.

Grave é que elegemos tacitamente um vice-prefeito tampão, que poderá, com o controle da máquina governamental, reinar durante seis anos, sem que tenha dito para que veio e o que pensa sobre a cidade. Será de fato esta uma escolha, uma eleição? Estas anomalias não serão corrigidas apenas com a mudança da lei eleitoral, senão com uma reforma política que acabe com o presidencialismo de coalizão e sua clientela de sustentação, os partidos de aluguel.

SSA: A Tarde, 9/10/16


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