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O tripé do urbanismo integrador

  • 27 de Janeiro de 2017

A homenagem que 40 mil pessoas prestaram aos mortos da Chapecoense num estádio em Medelín, mostrou o grau de cidadania de uma comunidade que há 30 anos tinha uma média de 380 homicídios por 100 mil habitantes, presídios superlotados, como os nossos, e era dominada por Pablo Escobar, Em 15 anos eles reduziram este número para um décimo. E isto foi possível com um plano urbanístico participativo e continuado. Plano que não se equilibra sobre a perneta das obras superfaturadas, senão no tripé das intervenções físicas, sociais e econômicas integradas por uma empresa pública de desenvolvimento urbano.

Intervenção física em um sistema único de metrô, BRT e teleféricos públicos que romperam o cerco dos territórios dominados pelas máfias, como em nossas cidades. Intervenção social com complexos culturais, com biblioteca, escola de qualidade, teatro e música dentro das favelas que elevaram a alfabetização para 96,65%. Intervenção econômica com o fomento às pequenas e médias empresas, ao longo das novas vias, que deram emprego para as “mulas” e “aviãozinhos” e não indústrias químicas e montadoras robotizadas que não contratam.

Em 2014 estive em Medelín para participar do VII Fórum Urbano Mundial e vi os resultados. Pouco antes eles haviam ganho o título de City of Year, do Wall Street Journal. Foram conhecer a experiência o diretor executivo do Habitat/ONU, o Premio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o ex-prefeito de Nova York, Michael Blomberg e 20 mil prefeitos e urbanistas de todo mundo. Para compartilhar essa experiência inovadora com nossas autoridades municipais e estaduais, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, trouxe da Colômbia o principal gestor desse plano, o urbanista Gustavo Restrepo, que fez uma conferência magistral no Dia do Arquiteto, 15 de dezembro.

Sabem quantos técnicos e autoridades convidadas compareceram? Nenhuma Talvez porque fosse um final de tarde. Aos que não adormecem cedo, aconselho lerem sua entrevista, “O espaço urbano é capaz de educar as pessoas”, na revista Muito deste jornal, do último dia 15.

SSA: A Tarde, 29/01/2017


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