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Os sete pilares claudicantes da ponte
Com duas matérias de página inteira deste jornal, dos dias 10 /01 e 7/02, o
governo do estado anunciou a licitação da ponte de Itaparica, que não foi
prevista no PDDU de Salvador, nem no termo de referência do plano metropolitano.
Os sete pilares da ponte seriam:
1º - O Sistema Viário do Oeste vai trazer a produção de grãos e minérios do
Oeste para o porto de Salvador. Acontece que o porto de Salvador não opera com
graneis e o frete rodoviário é muito mais caro que o ferroviário da Fiol. O
porto de Aratu, por outro lado, está saturado.
2º - A ponte vai levar o desenvolvimento para o Oeste da BTS e Baixo Sul. Ou
será o contrário? A atratividade de Salvador e do Litoral Norte para o sertanejo
é bem maior que a de S. Antônio de Jesus para os soteropolitanos. Essa cidade,
Nazaré e Feira de Santana vão ceder para Salvador grande parte de seu comercio e
serviços. Para ir a Itacaré ou Barra Grande não é mais fácil o turista usar o
novo aeroporto de Ilhéus e o Porto Sul?
3º - A ponte vai desenvolver a região metropolitana de Salvador. Como, se ela dá
um salto sobre a baia? Um cinturão rodo-ferroviário em volta à baia, poderia
integrar quatro portos: Salvador, Aratu e Temadre e São Roque, e quatro centros
industriais - CIA, RLAM, estação de regazeificação e estaleiros, além de 20
poços reativados de petróleo. Com essa via se ganharia um polo turístico,
histórico e náutico, no Recôncavo. Com a ponte, nada.
4º - Itaparica irá expandir Salvador. Sim, a ilha será um dormitório da Capital,
como São Gonçalo no Rio e deposito de contêineres de seu porto. Salvador terá
sua área metropolitana duplicada e o ônus de reproduzir mão de obra para gerar
riqueza em outros munícipios
5º - O centro histórico de Salvador vai ser revitalizado com a ponte. Sem um
rodoanel, Salvador e seu C,H. vão ser cruzados por 140 mil veículos/dia, que se
destinam ao Litoral Norte, aeroporto, COPEC, Ford e cidades do Nordeste. Haja
engarrafamentos!
6º - Não haverá mais fila para ir a Itaparica. Não foi o que aconteceu no Rio.
As filas para as barcas de Niterói continuam enormes. Não faz sentido pagar
pedágio, enfrentar congestionamento e não ter onde estacionar no destino final.
7º - A ponte vai criar empregos e injetar sete bilhões de reais em Salvador.
Ledo engano. Os chineses trazem tudo, mão de obra e equipamentos. Neste momento
de crise, subscrever 25% deste empreendimento e pagar 480 milhões anuais pelo
seu uso é um risco muito alto. O estado já tomou um calote da Asia/Kia e, há
três anos, enterrou um carro Jac, chinês, em Camaçari.
Qual o custo-beneficio, prioridade e riscos deste projeto, num estado que tem
25% de analfabetos, a maior taxa de desemprego do país e é o mais rural, além de
concentrar 50% da renda na RMS?
SSA: A Tarde, 12/02/17