Artigos de Jornal
É pegar ou largar
Três fatos recentes criaram uma grande oportunidade para a Bahia. Em junho de
2016 foi inaugurada as novas comportas do canal do Panamá para navios de 15 m de
calado; os grupos EBX e Petrobras, que estavam construindo o porto de Açu, no
Rio, estão em grandes dificuldades e Trump detonou a Parceria Transpacífica, TPP.
Ao invés do mapa da pobreza, estamos indicando o mapa da riqueza da Bahia.
Podemos criar no meio da costa do pais um hubport com 21 m de calado em aguas
abrigadas, no canal de Itaparica, próximo aos estaleiros do Paraguaçu e de
grandes espaços planos de Salinas da Margarida. A maioria dos portos brasileiros
tem calado de 13 m e não podem receber os grandes navios padrão Post Panamax de
transporte intercontinental. Suas cargas sairiam de Salinas em navios de
cabotagem e trens para toda costa e interior do Brasil.
Já há um acordo entre China, Brasil e Peru para a construção de uma ferrovia
transcontinental, agora, sem a TPP, estratégica para a China. Salinas está a 13º
S, muito próximo dos 17º S dos portos de Ilo no Peru e Arica no Chile, que
integrarão as ferrovias e economias da Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Peru.
O hubport de Salinas, um dos maiores do mundo, atrairia o interesse das grandes
companhias de navegação.
Para integrar este porto deverá ser construído o arco rodoferroviário da BTS,
que próximo a Santo Amaro se bifurcaria. Um ramal desceria para Santiago do
Iguape, cruzando o Paraguaçu à montante dos estaleiros e seguindo pelo leito da
Estrada de Ferro de Nazaré para se articular com as ferrovias Centro-Atlântica e
Oeste-Leste, e dali seguir para o Pacifico. O outro ramal seguiria para Feira e
Alagoinhas, se articulando com os estados do Nordeste. Este arco ferroviário
serviria como transporte metropolitano rápido diurno e de cargas à noite,
chegando até Itaparica, S. Antônio de Jesus, Feira e Alagoinhas.
Não faz sentido, portanto, trocar a bitola e instalar um veículo leve sobre
trilho, VLT, entre Salvador e Paripe, que logo estará apinhado. É hora da Bahia
se unir para realizar um megaprojeto, como fazem os cariocas, pernambucanos e
cearenses.
SSA: A Tarde, 26/02/2017