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O perigo nosso de cada dia

  • 30 de Julho de 2017

Os incêndios do World Trade Center, em 2001, que matou 2.750 pessoas e o recente da Grenfell Tower, em Londres, que vitimou mais de 70, são alertas sobre a insegurança das novas edificações. A construção tradicional utilizava materiais incombustíveis, como tijolos, concreto, cerâmicas e mármores. Esses materiais estão sendo substituídos por plástico (Barroquinha) e vidro nas fachadas e divisórias de gesso e MDF, que não barram o fogo. Os pisos de vinil, carpetes e forros acústicos são rastilhos de fogo. Para piorar, esses materiais ao se queimarem exalam gases tóxicos.

Normas americanas e europeias exigiam que estruturas metálicas fossem revestidas de amianto ou concreto. A proibição do uso do amianto e a preocupação dos construtores em diminuir seus custos, com o emprego de materiais mais leves, são os responsáveis por essas tragédias. Estamos cada vez mais utilizando estruturas de aço sem proteção e sintéticos na construção. Há também erros de projeto, como escadas contínuas, sem iluminação natural, saídas infra-dimensionadas e mal localizados e portas que não se abrem para fora. Deve- se a esses erros a tragédia da boate Kiss em Santa Maria, RS, que matou 242 jovens.

Os nossos shoppings são campânulas de monóxido de carbono, sem alarmes automáticos nem sinalização de escape. Seus cinemas são garrafões com uma única saída, contra todas as normas. Por outro lado, nossas torres de 20 ou mais andares não possuem hidrantes prediais e muitas estão localizados em ruas onde não entram grandes caminhões. Outros têm blocos de garagem que não permitem a aproximação de escadas Magirus, que em Salvador não vão além do 6º andar. Estes são pontos a serem discutidos com a sociedade, quando se elabora o novo código de obras, e se começa a implementar a Lei do Incêndio, para que não se repitam as tragédias do Joelma, que matou 188 em 1974, lojas Renner, em Porto Alegre, onde morreram 41 pessoas em 1976, ou não se destrua um teatro milionário na véspera da inauguração. Como seguro morreu de velho, vou botar uma máscara e um rapel na mochila.

SSA, A Tarde, 30/07/17


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