Artigos de Jornal


Solidariedade e Intolerância

  • 29 de Julho de 2018

O resgate de 11 crianças e um professor numa caverna na Tailândia provocou uma bela onda de solidariedade mundial. A mídia explorou bem o episódio. Cinco estúdios disputam a licença para um filme sobre o salvamento, como no caso dos mineiros chilenos. Isto contrasta com a indiferença com que a mídia trata o afogamento de 5.098 negros e islâmicos no Mediterrâneo, ano passado, e que já são 3.000 este ano, segundo a Agencia da ONU para Refugiados e Organização Internacional para Migração. A Itália não permite que navios com náufragos atraquem em seus portos. Seu ministro do interior está processando por difamação o diretor da ong Open Arms que salvou 50 náufragos por denunciar a intolerância. Quer ainda expulsar ciganos e 500 mil indocumentados do país. Logo os italianos que foram recebidos, de braços abertos, no Brasil, Argentina e EUA quando morriam de fome durante a Unificação Italiana.

O colonialismo e neocolonialismo europeus foram os maiores crimes contra a humanidade, que se conhecem. Nas Américas os índios foram praticamente exterminados. Oito milhões de africanos foras desterrados e escravizados. Em Bengala na Índia, sob domínio inglês, 10 milhões de pessoas morreram de fome, em 1770. O livro “Churchill’s secret war”, EUA 2010, denuncia a morte de três milhões de indianos por fome em Bengala, em 1943. Churchill respondia aos apelos do governador inglês que odiava os indianos e que a fome se devia aos muitos filhos que eles tinham. “Se estão morrendo de fome, por que ainda não morreu Gandhi? Recusa, inclusive, a oferta americana e canadense de alimentos. As “Imagens do holocausto de Bengala”, na internet, são chocantes.

O Ocidente está colhendo o que plantou. Em 2016 chegaram 168.314 refugiados, só pelo mar, e em 2017 foram 358.527. Isto é consequência da ocupação do Iraque pelos EUA, da Primavera Árabe e da guerra civil Síria, que desestabilizaram o Oriente Médio e o norte da África, tudo deflagrado conjuntamente em 2011. As sete irmãs do petróleo, não apenas subornam e corrompem, como promovem guerras e matam centenas de milhares de pessoas.

SSA: A Tarde, de 29/7/18


Últimos Artigos