Artigos de Jornal
Solidariedade e Intolerância
O resgate de 11 crianças e um professor numa caverna na Tailândia provocou
uma bela onda de solidariedade mundial. A mídia explorou bem o episódio. Cinco
estúdios disputam a licença para um filme sobre o salvamento, como no caso dos
mineiros chilenos. Isto contrasta com a indiferença com que a mídia trata o
afogamento de 5.098 negros e islâmicos no Mediterrâneo, ano passado, e que já
são 3.000 este ano, segundo a Agencia da ONU para Refugiados e Organização
Internacional para Migração. A Itália não permite que navios com náufragos
atraquem em seus portos. Seu ministro do interior está processando por difamação
o diretor da ong Open Arms que salvou 50 náufragos por denunciar a intolerância.
Quer ainda expulsar ciganos e 500 mil indocumentados do país. Logo os italianos
que foram recebidos, de braços abertos, no Brasil, Argentina e EUA quando
morriam de fome durante a Unificação Italiana.
O colonialismo e neocolonialismo europeus foram os maiores crimes contra a
humanidade, que se conhecem. Nas Américas os índios foram praticamente
exterminados. Oito milhões de africanos foras desterrados e escravizados. Em
Bengala na Índia, sob domínio inglês, 10 milhões de pessoas morreram de fome, em
1770. O livro “Churchill’s secret war”, EUA 2010, denuncia a morte de três
milhões de indianos por fome em Bengala, em 1943. Churchill respondia aos apelos
do governador inglês que odiava os indianos e que a fome se devia aos muitos
filhos que eles tinham. “Se estão morrendo de fome, por que ainda não morreu
Gandhi? Recusa, inclusive, a oferta americana e canadense de alimentos. As
“Imagens do holocausto de Bengala”, na internet, são chocantes.
O Ocidente está colhendo o que plantou. Em 2016 chegaram 168.314 refugiados, só
pelo mar, e em 2017 foram 358.527. Isto é consequência da ocupação do Iraque
pelos EUA, da Primavera Árabe e da guerra civil Síria, que desestabilizaram o
Oriente Médio e o norte da África, tudo deflagrado conjuntamente em 2011. As
sete irmãs do petróleo, não apenas subornam e corrompem, como promovem guerras e
matam centenas de milhares de pessoas.
SSA: A Tarde, de 29/7/18