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O saber em chamas ou à venda

  • 23 de Setembro de 2018

A única forma de um país se desenvolver, na atualidade, é investir na educação, ciência e tecnologia. Foi assim que países saídos de um passado medieval ou colonial como a Rússia, Japão, EUA e China viraram potências. Nos discursos dos nossos presidenciáveis, desenvolvimento e ciência não entram, e a educação não inclui a pesquisa.

Este é o campo da guerra geopolítica e comercial atual e os nossos dirigentes se fazem de sonsos em troca de vantagens. O projeto espacial brasileiro, em parceria com chineses e uranianos, explodiu em 2003 matando 21 cientistas e técnicos. A Wikileaks revelou, em 2011, que os EUA eram contra o projeto brasileiro e pressionaram a Ucrânia, sua aliada conta a Rússia, a não passar nenhuma tecnologia ao país. A localização de Alcântara é estratégica. O programa nuclear brasileiro se arrasta há 30 anos. Temos o minério e a tecnologia da ultra-centrífuga patenteada do almirante Othon Silva, que foi preso, mas compramos o combustível atômico de Angra 1 e 2. O submarino nuclear desenvolvido com a França deveria ficar pronto em 2025, mas não caminha. A estação Comandante Ferraz, na Antártica, que realizava importantes pesquisas na área da geologia, biologia e meteorologia pegou fogo em 2012 e ainda não foi reinaugurada. A paleontologia e a paleantropologia brasileira subiram na fumaça com o incêndio do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.

A pesquisa de vanguarda, pelos custos que implica, tem que estar ligada à grandes empresas. A Petrobras desenvolveu pioneiramente a pesquisa e a produção de petróleo em águas profundas, mas está sendo progressivamente alienação para as sete irmãs e a Embraer, vanguarda da tecnologia nacional, comprada pela Boeing. Em 2016, cerca de 75,3% dos universitários brasileiros eram de instituições privadas, financiadas pelo estado, muitas delas de propriedade americana, que não produzem nenhum conhecimento, segundo o MEC, só visam lucro. Em consequência disso tudo, o nosso IDH é inferior ao da Venezuela em crise. “Que Brasil, candidato, você quer para o futuro?”

SSA: A Tarde, 23/09/18


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