Artigos de Jornal
O saber em chamas ou à venda
A única forma de um país se desenvolver, na atualidade, é investir na
educação, ciência e tecnologia. Foi assim que países saídos de um passado
medieval ou colonial como a Rússia, Japão, EUA e China viraram potências. Nos
discursos dos nossos presidenciáveis, desenvolvimento e ciência não entram, e a
educação não inclui a pesquisa.
Este é o campo da guerra geopolítica e comercial atual e os nossos dirigentes se
fazem de sonsos em troca de vantagens. O projeto espacial brasileiro, em
parceria com chineses e uranianos, explodiu em 2003 matando 21 cientistas e
técnicos. A Wikileaks revelou, em 2011, que os EUA eram contra o projeto
brasileiro e pressionaram a Ucrânia, sua aliada conta a Rússia, a não passar
nenhuma tecnologia ao país. A localização de Alcântara é estratégica. O programa
nuclear brasileiro se arrasta há 30 anos. Temos o minério e a tecnologia da
ultra-centrífuga patenteada do almirante Othon Silva, que foi preso, mas
compramos o combustível atômico de Angra 1 e 2. O submarino nuclear desenvolvido
com a França deveria ficar pronto em 2025, mas não caminha. A estação Comandante
Ferraz, na Antártica, que realizava importantes pesquisas na área da geologia,
biologia e meteorologia pegou fogo em 2012 e ainda não foi reinaugurada. A
paleontologia e a paleantropologia brasileira subiram na fumaça com o incêndio
do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.
A pesquisa de vanguarda, pelos custos que implica, tem que estar ligada à
grandes empresas. A Petrobras desenvolveu pioneiramente a pesquisa e a produção
de petróleo em águas profundas, mas está sendo progressivamente alienação para
as sete irmãs e a Embraer, vanguarda da tecnologia nacional, comprada pela
Boeing. Em 2016, cerca de 75,3% dos universitários brasileiros eram de
instituições privadas, financiadas pelo estado, muitas delas de propriedade
americana, que não produzem nenhum conhecimento, segundo o MEC, só visam lucro.
Em consequência disso tudo, o nosso IDH é inferior ao da Venezuela em crise.
“Que Brasil, candidato, você quer para o futuro?”
SSA: A Tarde, 23/09/18