Artigos de Jornal


A contribuição brasileira à Riqueza das Nações

  • 19 de Maio de 2019

Nossos colonizadores e governantes sempre foram muito generosos. Caramuru doou o pau-brasil aos franceses para casar-se na sua corte. O ciclo do açúcar fez a fortuna de holandeses e lusos, mas, é bem verdade, nos custou o genocídio dos índios, a ocupação batava, a escravidão e o complexo de vassalo. Nosso ouro repassado aos ingleses, como ressarcimento do seu apoio à Restauração Portuguesa, de 1640, fez o lastro da libra e financiou a revolução industrial. Como sempre existiu a denúncia premiada, Tira-Dentes, um traidor, foi enforcado e esquartejado. Pela índole de nosso povo continuamos pagando o quinto, mantendo escravos e boias-frias no campo e desempregados urbanos.

No ciclo das sobremesas, o café brasileiro foi melhorado e faz a fortuna da Colômbia, da Nestlé e da Starbuck. O cacau baiano alimentou a glória dos chocolates suíços. A indústria brasileira robustecida pela não concorrência durante a II Guerra foi destruída ou desnacionalizada a partir da gloriosa: Matarazzo, Volta Redonda, FNM, Vale do Rio Doce, etc. A Vale, que exporta minérios brutos, transformou os estados de Minas e do Pará em campos minados provocando os maiores “acidentes” ambientais e humanos do mundo.

As grandes construtoras foram destruídas, mas seus diretores estão soltos. Embraer de alta tecnologia foi vendida à Boeing. Voltamos a ser “um país essencialmente agrícola”, como diziam, nos anos 50, os velhos amigos do norte. Só nos resta o setor do agronegócio e da mineração, que mata, desmata e polui rios e o ar com pesticidas e metano. Somos grandes produtores mundiais de celulose, mas importamos papel de jornal e de rotativas de livros. Vendemos petróleo, minérios, soja, café e celulose brutos e importamos produtos industrializados: gasolina, diesel, trilhos, papel, sementes transgênicas, fertilizantes, pesticidas e pagamos para beber Nescafé e mate Leão.

Temer leiloou o pré-sal, descoberto pela Petrobrás, e deu isenção de um trilhão de reais às “sete irmãs”, o mesmo que Guedes quer para salvar o Brasil. Ele acena com a venda da Petrobrás dizendo que o ciclo do petróleo está acabando. Para os especialistas, o petróleo é a base da próspera indústria petroquímica, dos plásticos e fertilizantes. Por sua lógica, devemos ser exportadores de petróleo cru e importadores de destilados de alto valor agragado. Para isso, a Distribuidora BR e as refinarias devem ser vendidas. A maior empresa de petróleo do mundo, dos Rockefellers, explodiu produzindo e distribuindo derivados. A segunda, a Royal Dutch Shell, pertence às coroas holandesa e inglesa, e é inalienável. Seu segundo maior acionista tem apenas 5% do capital. Eles não pensam vender suas galinhas dos ovos de ouro. Nós estamos oferecendo a nossa poedeira dourada, como uma modesta contribuição á Riqueza das Nações (hegemônicas).

SSA; A Tarde de 19/5/2019


Últimos Artigos