Artigos de Jornal
A contribuição brasileira à Riqueza das Nações
Nossos colonizadores e governantes sempre foram muito generosos. Caramuru
doou o pau-brasil aos franceses para casar-se na sua corte. O ciclo do açúcar
fez a fortuna de holandeses e lusos, mas, é bem verdade, nos custou o genocídio
dos índios, a ocupação batava, a escravidão e o complexo de vassalo. Nosso ouro
repassado aos ingleses, como ressarcimento do seu apoio à Restauração
Portuguesa, de 1640, fez o lastro da libra e financiou a revolução industrial.
Como sempre existiu a denúncia premiada, Tira-Dentes, um traidor, foi enforcado
e esquartejado. Pela índole de nosso povo continuamos pagando o quinto, mantendo
escravos e boias-frias no campo e desempregados urbanos.
No ciclo das sobremesas, o café brasileiro foi melhorado e faz a fortuna da
Colômbia, da Nestlé e da Starbuck. O cacau baiano alimentou a glória dos
chocolates suíços. A indústria brasileira robustecida pela não concorrência
durante a II Guerra foi destruída ou desnacionalizada a partir da gloriosa:
Matarazzo, Volta Redonda, FNM, Vale do Rio Doce, etc. A Vale, que exporta
minérios brutos, transformou os estados de Minas e do Pará em campos minados
provocando os maiores “acidentes” ambientais e humanos do mundo.
As grandes construtoras foram destruídas, mas seus diretores estão soltos.
Embraer de alta tecnologia foi vendida à Boeing. Voltamos a ser “um país
essencialmente agrícola”, como diziam, nos anos 50, os velhos amigos do norte.
Só nos resta o setor do agronegócio e da mineração, que mata, desmata e polui
rios e o ar com pesticidas e metano. Somos grandes produtores mundiais de
celulose, mas importamos papel de jornal e de rotativas de livros. Vendemos
petróleo, minérios, soja, café e celulose brutos e importamos produtos
industrializados: gasolina, diesel, trilhos, papel, sementes transgênicas,
fertilizantes, pesticidas e pagamos para beber Nescafé e mate Leão.
Temer leiloou o pré-sal, descoberto pela Petrobrás, e deu isenção de um trilhão
de reais às “sete irmãs”, o mesmo que Guedes quer para salvar o Brasil. Ele
acena com a venda da Petrobrás dizendo que o ciclo do petróleo está acabando.
Para os especialistas, o petróleo é a base da próspera indústria petroquímica,
dos plásticos e fertilizantes. Por sua lógica, devemos ser exportadores de
petróleo cru e importadores de destilados de alto valor agragado. Para isso, a
Distribuidora BR e as refinarias devem ser vendidas. A maior empresa de petróleo
do mundo, dos Rockefellers, explodiu produzindo e distribuindo derivados. A
segunda, a Royal Dutch Shell, pertence às coroas holandesa e inglesa, e é
inalienável. Seu segundo maior acionista tem apenas 5% do capital. Eles não
pensam vender suas galinhas dos ovos de ouro. Nós estamos oferecendo a nossa
poedeira dourada, como uma modesta contribuição á Riqueza das Nações
(hegemônicas).
SSA; A Tarde de 19/5/2019