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Coleção Arquitetura Moderna na Bahia

  • 12 de Janeiro de 2020

No ultimo dia 19/12 foi lançado no Museu de Arte da Bahia a coleção “Arquitetura moderna na Bahia (1947-1951)”, Edufba (5 v.), do Arq. Nivaldo Vieira Andrade Jr, presidente nacional do IAB. Trata-se de trabalho de fôlego resultante de sua tese doutoral, orientada pela Profa. Esterzilda Bernstein de Azevedo, defendida em 2012 e que recebeu os prêmios de teses da CAPES e ANPARQ. Nivaldo reconstrói com documentos, plantas e fotos casas e edifícios destruídos pela especulação imobiliária, mas que comprovam a contribuição da Bahia ao tema

No 1º volume, “O lugar da Bahia na história da arquitetura moderna brasileira”, Nivaldo denúncia a sistemática obliteração da contribuição baiana pela historiografia nacional. Ele recapitula as primeiras manifestações na Bahia, que datam do inicio da década de1930 com os projetos do Instituto do Cacau e do Instituto Normal do alemão Alexander Buddeus. Tema que tratei no capítulo “Crise e modernização: a arquitetura dos anos 30 em Salvador”, em livro de Hugo Segawa (org.) de 1988. Nivaldo bem que poderia ter datado o recorte temporal de sua coleção como entre 1932-1951.

Em “O EPUCS e a autonomização do campo arquitetônico na Bahia”, 2º volume, Nivaldo relata a experiência inovadora de um urbanismo com olhos para o social e não apenas para o saneamento e a circulação, pela equipe formada pelo sanitarista Mario Leal Ferreira, o agrimensor Diogenes Rebouças e o sociólogo Admar Guimarães. Escola mais de urbanismo que de arquitetura. Por isso, ele considera o principio da arquitetura moderna baiana em 1947, com o inicio da atuação de Rebouças na arquitetura.

“Um teto para cada escola”, 3º volume da coleção, trata da oportuna integração da educação, do planejamento territorial, da arquitetura e das artes por Anísio Teixeira, como Secretario de Educação e Saúde durante a redemocratização de 1946.

No 4º volume, “Arquitetura, educação e arte: o Centro Educativo de Arte Teatral”, Nivaldo historía a conceituação original de Anísio e as modificações que sofreu o projeto do Teatro Castro Alves do baiano/carioca Bina Fonyat. Projeto que sofreu a mais severa campanha de Rebouças. Polêmica que continuou com sua longa reconstrução após incêndio obscuro, mas que supostamente evitou 1.500 mortes na sua inauguração.

Nivaldo encerra sua coleção com “O transatlântico e o avião: arquitetura moderna e turismo na Bahia” em que trata dos projetos de um hotel cartesiano inconcluso em Paulo Afonso, de Rebouças, e o orgânico Hotel da Bahia dele e Paulo Antunes Ribeiro, outro pioneiro da arquitetura moderna na Bahia. O titulo da coleção sugere sua continuação, especialmente da obra de Rebouças, que é o foco do autor. A coleção interessa não apenas a arquitetos e urbanistas, mas a historiadores e amantes desta terra desmemoriada e bela.

SSA: A Tarde, 12/01/2020


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