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A embolada da educação brasileira

  • 26 de Janeiro de 2020

O presidente Bolsonaro afirmou, ano passado, que a educação no Brasil é a pior do mundo devido ao método de alfabetização de adultos do “energúmeno” Paulo Freire. Simples assim !

O ensino primário no país é delegado aos municípios, que sem recursos paga mal aos professores e constrói e mantém escolas precárias. Não é de estranhar, portanto, o baixo aproveitamento de meninos e meninas, muitos dos quais não passam de analfabetos funcionais, pessoas que não entendem o que leem, escrevem com erros crassos e não sabem fazer uma conta.

A escola privada, da classe média alta, é um pouco melhor, mas mesmo assim encontramos profissionais de nível superior e até autoridades que não distinguem entre “há” (verbo) de “a” (preposição), “mas” de “mais”, “câmara” de “câmera” (fotográfica), “eminente” (elevado) de “iminente” (imediato), não sabem usar a crase e o hífen e cometem erros de concordância, de pontuação e de ortografia. Nem as tradicionais escolas militares se salvam. Diz-se que o Marechal Costa e Silva pediu à secretária para convocar uma reunião na sexta feira e ela perguntou a ele se sexta se escrevia com S ou com X. O presidente não hesitou: então marque para o sábado.

O último ENEM, sob nova administração, deveria ser um sucesso, mas foi um sufoco. Cerca de 6.000 candidatos foram equivocadamente reprovados em redação, matemática e geografia, embolando as inscrições no SISU. A explicação do diretor do INEP é bizarra. Teria sido uma falha da gráfica,que ao imprimir 3,9 milhões de provas, cerca de 6.000 tiveram alguns quesitos inexplicavelmente trocados. O mais provável é que um lote de provas para ser corrigido caiu nas mãos de um professor que ignora regras de português e matemática e acredita que a Terra é plana.

Pode-se entender que o Ministro da Educação anterior, Rodrigo Vélez Rodriguez, colombiano falando portunhol trocasse gravidez por “embarazo” e saboroso por “exquisito”, mas não que o seu sucessor, brasileiro de nome complicado, professor universitário, troque (Franz) “Kafta” pelo petisco árabe “cafta” e “acepipes” (pitéu) por “asseclas” (seguidores). Ele escreve “incitar” com S, “impressionante” com C, “paralisação” com Z etc. Na Internet há uma lista de 33 erros de português identificados no seu Twitter em dois meses e ele se justifica dizendo que é melhor errar o português que roubar. Outro ministro em uma entrevista na TV trocou “sobre” por “sob”, “vim” por “vier” e por duas vezes disse “conje” em lugar de “cônjuge”.

Realmente o nível da instrução pública é muito baixo, Sr.Presidente! Quem melhor interpretou a embolada da educação no país, há 50 anos, foi Luiz Gonzaga: Sou diplomado/ Frequentei a academia/ Conheço geografia/ Sei até multiplicá/ Dei vinte mango/ Prá pagá três e tresentos/ Dizessete e seticentos/ Você tem que me voltá/ É dizessete e seticentos!/ É dizessete e seticentos!...

SSA: A Tarde de 26/01/2020


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