Artigos de Jornal
A embolada da educação brasileira
O presidente Bolsonaro afirmou, ano passado, que a educação no Brasil é a
pior do mundo devido ao método de alfabetização de adultos do “energúmeno” Paulo
Freire. Simples assim !
O ensino primário no país é delegado aos municípios, que sem recursos paga mal
aos professores e constrói e mantém escolas precárias. Não é de estranhar,
portanto, o baixo aproveitamento de meninos e meninas, muitos dos quais não
passam de analfabetos funcionais, pessoas que não entendem o que leem, escrevem
com erros crassos e não sabem fazer uma conta.
A escola privada, da classe média alta, é um pouco melhor, mas mesmo assim
encontramos profissionais de nível superior e até autoridades que não distinguem
entre “há” (verbo) de “a” (preposição), “mas” de “mais”, “câmara” de “câmera”
(fotográfica), “eminente” (elevado) de “iminente” (imediato), não sabem usar a
crase e o hífen e cometem erros de concordância, de pontuação e de ortografia.
Nem as tradicionais escolas militares se salvam. Diz-se que o Marechal Costa e
Silva pediu à secretária para convocar uma reunião na sexta feira e ela
perguntou a ele se sexta se escrevia com S ou com X. O presidente não hesitou:
então marque para o sábado.
O último ENEM, sob nova administração, deveria ser um sucesso, mas foi um
sufoco. Cerca de 6.000 candidatos foram equivocadamente reprovados em redação,
matemática e geografia, embolando as inscrições no SISU. A explicação do diretor
do INEP é bizarra. Teria sido uma falha da gráfica,que ao imprimir 3,9 milhões
de provas, cerca de 6.000 tiveram alguns quesitos inexplicavelmente trocados. O
mais provável é que um lote de provas para ser corrigido caiu nas mãos de um
professor que ignora regras de português e matemática e acredita que a Terra é
plana.
Pode-se entender que o Ministro da Educação anterior, Rodrigo Vélez Rodriguez,
colombiano falando portunhol trocasse gravidez por “embarazo” e saboroso por “exquisito”,
mas não que o seu sucessor, brasileiro de nome complicado, professor
universitário, troque (Franz) “Kafta” pelo petisco árabe “cafta” e “acepipes”
(pitéu) por “asseclas” (seguidores). Ele escreve “incitar” com S,
“impressionante” com C, “paralisação” com Z etc. Na Internet há uma lista de 33
erros de português identificados no seu Twitter em dois meses e ele se justifica
dizendo que é melhor errar o português que roubar. Outro ministro em uma
entrevista na TV trocou “sobre” por “sob”, “vim” por “vier” e por duas vezes
disse “conje” em lugar de “cônjuge”.
Realmente o nível da instrução pública é muito baixo, Sr.Presidente! Quem melhor
interpretou a embolada da educação no país, há 50 anos, foi Luiz Gonzaga: Sou
diplomado/ Frequentei a academia/ Conheço geografia/ Sei até multiplicá/ Dei
vinte mango/ Prá pagá três e tresentos/ Dizessete e seticentos/ Você tem que me
voltá/ É dizessete e seticentos!/ É dizessete e seticentos!...
SSA: A Tarde de 26/01/2020