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A função das editoras baianas

  • 21 de Maio de 2017

Quando eu era estudante havia em Salvador duas livrarias-editoras: Progresso, do prof. Pinto de Aguiar, e Civilização Brasileira, que publicava com o selo Itapuã. Eram editoras pequenas, mas autossustentáveis. Hoje temos muitas editoras, mas o livro baiano enfrenta o gargalo da distribuição nacional monopolizado pela Saraiva e Cultura, que cobram 50% do preço de capa. O editor paga direitos autorais, ilustrador, revisor, diagramador, papel e impressão.

As maiores editoras baianas são ligadas a instituições públicas e são especializadas. A Edufba, editora da UFBA, é focada na produção acadêmica. Não publica ficção nem poesia. Consegue distribuir seus livros nacionalmente através da Associação de Brasileira de Editoras Universitárias. Isso lhe permitiu publicar 1600 títulos. A Casa de Jorge Amado, ao contrário, publica ficção, poesia e artes. Algumas editoras privadas, muito sofisticadas, se especializaram em livros de arte, como a Solisluna e Caramurê, com patrocínios da Lei Rouanet. A Odebrecht publica belíssimos livros ilustrados com gravuras e aquareles antigas. No futuro a empresa não será lembrada pelas obras que realizou para a Petrobrás, mas pelos livros que publicou.

Construção da imagem institucional é também a função da Editora Alba, da Assembleia Legislativa. Seus livros são a parte gratificante do trabalho realizado pela Assembleia. Sua linha editorial é eclética. Publica desde memórias, como História da Fundação da Cidade do Salvador, de Theodoro Sampaio, e Através da Bahia, de Von Spix e Von Martius, até literatura, com A menina que foi vento, de Symona Gropper, recém lançados. Sua coleção Gente da Bahia, já lançou 47 títulos focando desde a Dama de roxo, até Milton Santos. A Alba publica em coedição séries como Mestres da literatura baiana, com a Academia de Letras da Bahia, que já publicou 11 títulos. Mantem convênios semelhantes com a Câmara Baiana do Livro, Fundação Pedro Calmon, Uneb, Casa de Jorge Amado e outras. Sem apoio público não podemos ter cultura, nem memória escrita.

SSA: A Tarde, 21/05/2017


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