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Tributo ao último planejador

  • 05 de Março de 2023

Os manuais de empreendedorismo enfatizam que a chave do sucesso é o planejamento da empresa. Para administrar um estado ou cidade, tarefa muito mais complexa, não se exige nada. Governadores e prefeitos podem fazer o que lhe der na telha. Genericamente detestam o planejamento porque lhes cria uma camisa de força e limita o “tome lá, me dê cá”, que assegura sua continuidade política.

O Brasil já teve grandes planejadores, como Celso Furtado, que elaborou o Plano de Metas de Juscelino, quando criou a Sudene, dirigiu o BNDE, e redigiu o Plano Trienal de Goulart e de Ação de Tancredo. Outro foi João Paulo dos Reis Veloso que durante o regime militar exerceu vários cargos como a criação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Em 1968, foi nomeado secretário-geral do Ministério do Planejamento, assumindo a pasta durante os governos de Médici e Geisel (1969 a 1979).

O mais atuante deles foi, porém, Rômulo Almeida que no início do segundo governo de Vargas foi um dos criadores da Petrobrás (1950) e integrou o Gabinete Civil da Presidência da República, que organizou a Assessoria Econômica da Presidência da República. A partir de 1953, tornou-se consultor econômico da Sumoc, antecessora do Banco Central, estruturou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e o Banco do Nordeste, do qual foi presidente.

Em 1955 assumiu a Secretaria da Fazenda da Bahia quando criou a Comissão de Planejamento Econômico (CPE). No período de 1957 a 1959 reorganizou o Instituto de Economia e Finanças da Bahia e nesse último ano, já no governo de Juraci, representou a Bahia na Sudene e foi nomeado Secretário de Economia, quando criou a  Coelba. Foi diretor da Fundação Casa Popular, de Empreendimentos Bahia S.A., da Elétrico-Siderúrgica Bahia S.A., além criar e presidir a Consultoria de Planejamento Clan S.A. que idealizou o Polo Petroquímico de Camaçari, o Porto e o Centro Industrial de Aratu.

O herdeiro desta rica tradição foi seu primo caçula, o Eng. Luiz Antônio Schneider Alves de Almeida, filho de Landulfo Alves, formado nos EUA, que trabalhou com ele desde 1960 na Clan, na implantação do CIA e Porto de Aratu e como diretor-superintendente de Empreendimentos da Bahia S.A, quando expandiu a Odebrecht no exterior, em especial na CPLP. Casado com a artista americana Betty King, ele promoveu muito a cultura afro-baiana, em especial o Ilê Aiyê e sua sede.

Com a morte de Rômulo em 1988, se fez um vazio. Todos os órgãos de planejamento foram extintos e os secretários de planejamento passaram a ser políticos despreparados no setor. Esquecido desde então, Luiz Almeida morreu no último dia 05 de janeiro recordado apenas pela FIEB.

Cabe à ALBA promover, em convênio com a UFBA e UNEB, cursos de extensão multidisciplinares para formação de quadros políticos minimamente conscientes da realidade baiana.

 


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