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Salve o novo prefeito

  • 28 de Outubro de 2012

Dentro de poucas horas saberemos quem será o prefeito de Salvador nos próximos quatro ou, provavelmente, oito anos. Não será difícil ser melhor que o prefeito retirante. Mas não basta isso, há uma grande expectativa sobre a nova administração. A sociedade foi mobilizada nos últimos quatro anos pela discussão do estado calamitoso a que chegou a cidade e sobre tal cobrança o novo prefeito tem duas alternativas: capitalizar essa massa critica ou ficar na defensiva, que só o desgastará.

O novo prefeito contará com uma Câmara de Vereadores renovada em 50%, com evidente melhoria da representatividade e qualificação de seus membros. Isso é importante, independente da composição partidária, se ele quiser desprivatizar a prefeitura e enfrentar os três carteis que a dominam: o imobiliário, o do transporte urbano e o do lixo. Diante da situação de espoliação consentida da mesma, o futuro prefeito deverá usar muita imaginação para honrar o varejo eleitoral e realizar as reformas estruturantes que a cidade urgentemente precisa.

Para tirar Salvador do buraco, a ajuda do Estado e da União é fundamental, e eu não tenho duvida que ela virá já com a Copa, desde que o prefeito tenha projetos consistentes e não simulacros carimbados de construtoras/incorporadoras. Salvador não pode ser mais gestada pelo achismo e pelos lobbies econômicos. Precisamos criar um sistema efetivo de planejamento e monitoramento urbano, participativo e qualificado, começando pela revisão do PDDU e LUOS. Neste sentido é fundamental a ampliação da outorga onerosa como meio de permitir a infraestruturação da cidade e a revisão dos coeficientes de aproveitamento do solo, em função da capacidade das vias, da ventilação e da exposição solar. Não é possível que no terceiro maior mercado imobiliário do País a prefeitura local não tenha recursos senão para pagar a folha de pagamento.

Recursos existem com as revisões apontadas, por ser Salvador a capital e vitrine do Estado e a RMS possuir metade de seu PIB. Nesta sigla reside a chave para a recuperação econômica e física de Salvador. A cidade precisa ser descongestionada e ter seus custos compartidos com toda a região para a qual presta sozinha serviços habitacionais, de educação, saúde, abastecimento e cultura. Nela reside também a possibilidade do aumento da permanência dos turistas, com o desenvolvimento de atividades náuticas na extensa costa da Baia de Todos os Santos. No seu extenso território é possível uma expansão urbana vinculada ao desenvolvimento de atividades produtivas, sem destruição de áreas verdes e constipação do transito.

Diante do abandono da RMS pelo Estado, cabe ao Prefeito da capital liderar uma campanha pela sua institucionalização e estruturação ou criação de um consórcio municipal para dividir custos e serviços. No que se refere ao transito, enquanto o metrô não vem, ele pode ser rapidamente melhorado com o monitoramento dos corredores exclusivos de ônibus e bicicletas, inclusive elétricas, proibição de estacionamento ao longo de rotas alternativas de carros privados e criação de estacionamentos periféricos. Saneamento básico, micro e macro drenagem, cuja falta provoca enfermidades, corrimentos de encostas e engarrafamentos, têm que ser encarados como problemas metropolitanos. Educação em tempo integral e saúde preventiva idem.

Por fim, é preciso restaurar a autoestima do soteropolitano com a recuperação dos espaços públicos: segurança, passeios e ruas recuperadas, praças, e mobiliário urbano. Restaurar uma urbanidade que estamos perdendo. Neste sentido é urgente resgatar os projetos engavetados da Prefeitura e concursar outros criando um banco de projetos para captação de recursos do Governo Federal.

A disputa acirrada dessa eleição indica que há mais dissenso que consenso sobre a figura do futuro prefeito e cabe a ele provar que veio mais para somar que para dividir, neste momento de crise. Da oposição espera-se uma atitude critica e vigilante, mas não de obstrução estéril e estúpida.

SSA: A Tarde, 28/10/12


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